O subsector algodoeiro
O subsector do algodão é dos mais antigos e estruturados de Moçambique, gerando cerca de 30.000 postos de emprego (directos e indirectos). Conta com um instituto próprio (IAOM), com um sector empresarial diversificado (representado pela AAM) e com cerca de 200 000 produtores com experiência e tradição na cultura (representados pelo FONPA), sendo todos eles, sem exepção, também produtores de culturas alimentares.
O serviço de fomento aos agricultores familiares é prestado pelas empresas, num regime de concessão, que para isso contam com vastas redes de extensão, distribuição, armazenagem e logística.
Todos os anos as empresas distribuem mais de 5 milhões de dólares em insumos e ferramentas agrícolas, assumindo inteiramente o risco de crédito junto da população rural e informal.
Nos últimos anos os volumes nacionais de exportação de algodão fibra têm variado entre os 40 e os 70 milhões de USD, dos quais cerca de 60% são canalizados aos produtores, na compra da sua produção, que é feita pelas empresas, sem intermediários e com supervisão e controlo do IAM.
Por estas razões, apesar dos desafios, o algodão tem sido um veículo muito resiliente de desenvolvimento rural do País: trabalha quase que exclusivamente com a população rural mais desfavorecida (e na sua maior parte informal), grande parte em zonas remotas e de difícil acesso; realiza formação e assistência técnica em grande escala (sendo natural que os produtores integrados em esquemas de fomento manifestem também ganhos de produtividade nas suas outras culturas); é fonte de financiamento e insumos; garante mercado e toda a logística de escoamento; é motor de mudança e inovação em várias áreas de interesse para a agricultura nacional. Numa palavra, gera e distribui valor de uma forma justa, transparente e inclusiva.
O subsector do algodão pode e deve ser também cada vez mais aproveitado, não apenas, como plataforma de expansão de outras culturas complementares (nomeadamente milho e oleaginosas como a soja, girassol, etc.), como também de outras áreas de desenvolvimento (como os serviços financeiros, a electrificação rural, etc.), algumas delas já em implementação nas empresas algodoeiras.
Algodão como grande oportunidade de geração de valor e de emprego
O algodão é das principais indústrias criadoras de emprego ao nível mundial, razão pela qual é muito protegida pelas principais economias mundiais.
Os países africanos têm uma posição muito pouco significante na produção mundial. Ainda assim, os Países onde se verifica maior sucesso do algodão têm tido a capacidade de implementar mecanismos de incentivo e apoio relevantes na cadeia de valor (como na África Oeste e Etiópia).
A fibra do algodão tem várias etapas de industrialização, nomeadamente o processamento primário do algodão-caroço, a fiação, a tecelagem, a tinturaria e a confecção. Para além da fibra do algodão, o caroço do algodão é fonte de óleo alimentar (e de derivados como sabões) e de bagaços para farinhas e produção animal. O algodão é ainda fonte de biomassa com bom valor energético.
Neste momento, em Moçambique, a quase totalidade do algodão é ainda exportada em fibra (em rama). Apenas como referência do potencial de geração de valor desta cultura, a implementação em pleno da cadeia têxtil (sem considerar, portanto, a cadeia de valor do caroço de algodão para óleos e bagaços) poderá multiplicar em cerca de 10 vezes o valor actual das exportações de fibra (dependendo naturalmente do tipo de produto final). Ou seja, os cerca de 50 milhões de dólares de valor médio de exportação de fibra poderão converter-se, no médio prazo, em cerca de 500 milhões dólares de exportações de produtos acabados (ou de substituição de importações). Por isto o algodão é provavelmente a cultura nacional com maior potencial de geração de riqueza e emprego.